O secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, defendeu a correção anual da tabela dos preços de referência, sobre os quais incidem os tributos, da cerveja, dos refrigerantes e da água, o que pode gerar, também, reajustes dos preços ao consumidor destes produtos todos os anos.
Na semana passada, representantes do setor de bebidas confirmaram, após reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que, dentro de até 60 dias, haverá a correção da tabela em um valor acima de 10%. A tabela, que não era reajustada desde janeiro de 2009, sofrerá um aumento que englobará a inflação acumulada desde a última alteração, no começo do ano retrasado.
"Fizemos uma proposta de investir R$ 7,7 bilhões neste ano, gerando 60 mil novos empregos, para que a tabela não fosse reajustada, mas o governo decidiu fazer o ajuste. O ministro Mantega afirmou que a crise financeira acabou e que agora a vida volta ao normal", disse Milton Seligman, vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas (Abir), e também da Ambev.
Na última semana, Seligman também afirmou que o setor de cerveja do Brasil é um dos que mais paga tributos em todo mundo, e acrescentou que o repasse dos reajustes da tabela, para os preços dos produtos ao consumidor, seria "natural". Já Barreto, da Receita Federal, avaliou que a decisão de reajuste dos preços aos consumidores é "comercial" e compete a cada empresa, visto que o mercado é livre.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as cervejas, os refrigerantes e as águas tiveram aumentos acima da inflação oficial, desde janeiro de 2009, mesmo sem a correção da tabela de preços de referência por parte da Receita Federal. Neste período, a cerveja subiu 17,3%, enquanto os preços dos refrigerantes e das águas avançaram 16,6%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência para o BC na fixação dos juros, subiu 12,3% neste período.
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