domingo, 15 de maio de 2011

Burlesque: A arte de se despir

Por @ramona_tequila

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“Dança Burlesca não é apenas um mero strip tease, como muitos podem pensar, mas sim uma dança teatralizada, uma paródia sofisticada, sensual, sim, é claro, mas nunca vulgar”. É o que diz Shaide Halim, mas conhecida como Lady Burly, professora de dança, especialista em danças vintage e atualmente burlesque performer também.

O burlesco ou burlesque, como preferir, é um direto descendente da chamada comédia dell’arte, que era uma forma de teatro de improviso muito popular na Itália entre os séculos XV e XVII. As apresentações que eram feitas ao ar livre, eram montadas por pequenas companhias de até 10 integrantes, cuja a renda dos artistas vinha apenas de contribuições do público. Esse tipo de arte acabou por influenciar outras manifestações culturais como o ballet, marionetes, stand-up comedy, sátira, pantomina, strip-tease, dança erótica, entre muitas outras.

OgAAAAxhvhD_n42-c9ROJWzHB0T49EVpBGHTUL0kDDufJwWvx5PrtFgA5DrI_foECiI3KOE_ui4X0oPCp-VKnqJbxIAAm1T1UKzdLWjWm4pbtH2R5Zkg8-EHwEVD Os primeiros registros desta arte foram no século XIX nos chamados “Music Hall” dos Estados Unidos, e do Canadá. Resultado dos processos de urbanização e industrialização, criou-se uma espécie de teatro britânico, que nada mais era do que uma manifestação popular cujo o intuito era satirizar o divertimento das classes mais baixas. Esses espaços surgiam como contraposição à ordem dos teatros tradicionais, sendo que nos ‘Music Hall’ se podia consumir alcool, estar em pé, sentarem-se em mesas, muito mais próximo da cultura popular da época e consequentemente menos elitista.

O burlesco teve também um papel fundamental na mudança de costumes no século XIX, principalmente na visão sexual da mulher, que pela primeira vez podia mostrar o corpo. Fato este que marcou toda cultura popular associada as mulheres, que posteriormente foi desenvolvido pelas chamadas Indústrias Culturais.Expressava igualmente o confronto entre a cultura aristocrata da época Victoriana e a nova cultura operária que surgia em massa.

A mistura de teatro com dança sensual, que teve o seu auge nas décadas de 40 e 50, inclui fantasias com plumas, paetês, corpetes etc. Mas nos anos 90 iniciou-se um revivalismo do burlesco principalmente nas cidades de Los Angeles, São Francisco em especial Nova York sendo a que mas contribui para esse revivalismo.

Nos dias atuais, o nome burlesco está mais vinculado às danças que,OgAAADLDM7Lg7GMnJgf6bJll-5bXAd_bOzIrvOhOO6O-kmAYCjGjyNyRb-pnfQT_BszTu0IyyQsOdzQfE9dlLBtC018Am1T1UP21ii0-xfH-2onGErstqR-ueiMQ aliadas à uma interpretação mescla sensualidade e comicidade, se caracteriza num gênero leve de erotismo. “O strip tease, é acompanhado quase sempre por músicas vintage, como jazz, por exemplo, é sutil e não chega até o final”,diz Burly. A grande sacada da dança burlesca está no despir sem deixar tudo à mostra. O famoso gostinho de ‘quero mais’. “Não, uma performance burlesca não é obcena”. Completa.

Uma das maiores representantes do estilo foi Gypsy Rose Lee. Ainda podemos relembrar, da mesma época, de Tempest Storm, na ativa até hoje, com mais de 80 anos de idade. Atualmente, o grande nome do gênero é Dita Von Teese (no entanto, sua fama está diretamente ligada à sua imagem constantemente veiculada na mídia, por seu trabalho como modelo, por seu casamento com Marilyn Manson, etc e tal).

Há muitas outras praticantes do estilo hoje em dia, mais ou menos ousadas ou cômicas, o strip tease aparece de forma sutil e de forma menos sexual. Segundo Jo Weldon, diretora do New York School of Burlesque, a dança burlesca se diferencia do strip tease em 4 fatores: contexto, estilo, intenção e o relacionamento com o público. Há muito mais que apenas tirar a roupa. Por trás de lady burlycada movimento há uma intenção roteirizada, uma motivação, e a interação com a platéia é totalmente diferente do striptease comum.

No Brasil em São Paulo, existe um curso específico nesta arte, no studio de dança Shaide Halim (Confira matéria no final do post), e mais outros workshops sendo ministrados pelo Brasil. Em Cuiabá ainda não existe nada  no estilo e nem algo que ao menos se aproxime (rsrs). O que é uma pena pois o burlesque é um estilo de dança democrático e libertador, que pode ser aproveitado por mulheres de todas as formas físicas e idades. “Se vc quer conhecer melhor seu corpo, se quer vencer barreiras como a timidez, se quer melhorar sua auto-estima, ou se quer, sim, seduzir, mas com muito glamour e com uma pitada de bom humor, vc precisa conhecer esse estilo”, dá a dica Lady Burly.

Além disso estimula criativade para outras expressões artísticas, e a segurança, coragem e atitude, que são necessários para uma boa performance burlesca é adquirido com o tempo. Nos cursos e workshops ministrados por Shaide Halim você aprende o caminho das pedras e, depois disso, usa e abusa da sua criatividade para gerar a sua própria forma de se expressar.

Para finalizar, o burlesco traduz a liberdade da mulher se mostrar como ela realmente é, com sua forma física mais magrinha ou mais rechonchuda, com sua atitude própria, com seu jeito mais debochado ou mais sensual, ou mesmo mais ingênuo (ou nem tanto rs). Pra dançar, basta ser mulher e pronto!

Créditos e agradecimentos: Shaide Halim (Lady Burly)

Confira a videoreportagem feita por Carol Thomé

E abaixo alguns vídeos de dança burlesca

Lady Burly em ação

Outra representante brasileira do burlesque, Sweetie Bird

A americana Dita Von Teese e seu clássico número na taça de champagne

Lily Lemonpie

Katherine Lashe

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