quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Investimento de R$ 36 Mil Reais: Raça rara é importada para o Brasil para ser usada como Cão de Guarda

O criador Heberth Luís de Freitas investiu mais de R$ 36 mil nos últimos dez meses em três cães da raríssima raça Thai Ridgeback, que foram importados da República Tcheca e Tailândia. A intenção é usar a nova raça, ainda desconhecida no Brasil, como uma opção para cães de guarda.

“Ainda não sei ao certo quanto gastei com coisas menores, não tive curiosidade de somar para não ficar doido. É a terceira raça mais rara do mundo, então vale a pena”, brinca Freitas, que demorou seis meses para driblar a burocracia e trazer o primeiro cão, em novembro do ano passado. Os outros vieram em março e junho.

Segundo Freitas, a raça de origem Tailandesa é extremamente antiga e chegava a ser usada em rinhas. O porte físico e a aparência são semelhantes aos de um Pit Bull, mas Freitas garante que a personalidade dos dois cães é diferente. “O Thai Ridgeback também é um cão de guarda, porém dócil e totalmente fiel aos seus donos. Ele é bravo só quando precisa ser. Os cães são do tipo que deitam no chão para ganhar carinho na barriga”, afirma.

A primeira ninhada deve nascer só em janeiro, mas Freitas já tem três encomendas. Ele ainda não estipulou preço, mas pretende vender os filhotes a partir de R$ 5 mil. “Eu não vou tirar o mercado de ninguém, porque quem gosta de Pit Bull, por exemplo, não gosta de outra raça.”

Raças raras crescem no país
Alex Piffer, diretor de marketing do Kenel Clube São Paulo, afirma que a introdução de novos cães é positiva para a cinofilia brasileira. “As novas raças que ainda não são populares aqui apresentam menos problemas de doenças e de genética, por conta da linhagem renovada”, afirmou.

Entre as raças raras que começam a ganhar mercado está a Basenji. Esse cão não sabe latir, tem personalidade forte e aparência comum, mas o filhote custa até 3 mil euros.

“Não é popular por causa do temperamento reservado e da falta de características caricatas. O Basenji tem cara comum, de cachorro, mas é isso o que mais me agrada na raça”, afirma o criador Sávio Steele. “Eles não sabem latir, o que seria uma vantagem em apartamentos, mas sempre foram cães raros no Brasil e não são populares em nenhum lugar do mundo. Só nos países escandinavos a raça é um pouco mais conhecida.”

A criação de Steele começou há dez anos, quando ele chegou a investir US$ 4 mil em cada exemplar importado dos Estados Unidos para o Brasil. Aqui, os filhotes são vendidos a partir de R$ 4 mil.

A importação de cães também foi a maneira escolhida pelo casal Rogério Moraes e Barbara Kemp para iniciar a criação no país do raro Dogue de Bordeaux há três anos. Um único cachorro chegou a custar 8 mil euros. “Tenho cães importados da Alemanha, França, Polônia e República Tcheca. O investimento é alto, mas é uma raça que não existia com qualidade no Brasil”, afirma.

Os cães são enormes e também começam a ser usados no Brasil para guarda. “Não é para quem procura um cão bravo. O Dogue de Bordeaux é territorialista, faz uma guarda ativa. É calmo, equilibrado e faz pouco barulho, mas quando late é sinal de problema.”

Os filhotes nascidos no Brasil são vendidos para companhia a partir de R$ 4 mil. Se a intenção do comprador é expor ou iniciar uma criação, o preço chega a dobrar. “É um cão que precisa de espaço e come muito, em média um quilo por dia. O dono precisa se dedicar. Eu escolho para quem vendo, faço uma seleção. Eu prefiro que continue raro, porque não banaliza.”

Exóticos
Mesmo tido como raro, o Cão de Crista Chinês já se tornou conhecido virtualmente do público por causa da aparência estranha - responsável pela conquista de títulos de cão mais feio do mundo. Com o corpo pelado e tufos de pelos longos apenas na cabeça e nas patas, o cão não pode permanecer exposto ao sol ou ao frio excessivo.

“As pessoas compram porque é exótico, mas depois percebem que têm um temperamento maravilhoso. São tranquilos e companheiros, querem ficar com o dono o tempo todo e são ótimos com crianças”, afirma Lívia Maria de Toledo Krainer, handler de um canil. Como handler, é responsável por cuidar dos cães, fazer a logística de acasalamento e levá-los a exposições.

Ela e o marido se tornaram parceiros do Hampton Court depois que trouxeram alguns exemplares dos Estados Unidos em 2009. Cada filhote pelado custa em média R$ 4,5 mil para companhia.

Enquanto a aparência exótica do Cão de Crista Chinês chama a atenção, é justamente o visual diferente que afasta os interessados no Pequeno Lebrel Italiano. Mas isso não incomoda o criador Fábio Melo Vieira, de Goiânia.

“Ele é raro porque tem um formato exótico, magro, que não agrada a todos. É um cão nobre, sensível e muito carente de atenção”, afirma Vieira. Além de bastante carente, o cachorro precisa ser levado a um lugar amplo pelo menos uma vez por semana para que possa se exercitar, já que adora correr e chega a 40km/h.

Com cães importados da Argentina, Portugal, Bélgica e Estados Unidos, Vieira conta que passa por uma seleção para conseguir comprar os animais por até 5 mil euros cada. No Brasil, para companhia, os preços desse cão variam de R$ 4 mil a R$ 5 mil. “Para eu importar, sou submetido a análise. Preciso dar um resumo da minha vida, informar quanto tempo fico disponível e qual o tamanho do meu espaço. Preservamos isso aqui no Brasil, tentamos selecionar os compradores e acompanhar o cão mesmo depois de vendido.”

Esforço para popularização
Jarbas Passarelli, criador de Boston Terrier em Itupeva (SP), não consegue entender como a raça que está entre as mais criadas nos EUA continua rara no Brasil. Em média, ele importa cinco cães por ano a um custo de US$ 5 mil por exemplar. Aqui, o preço do filhote varia de R$ 4 mil a R$ 7 mil, mas o valor sobe se o objetivo do comprador é ter um cão especial para exposição.

“Não se popularizou porque as pessoas não conhecem a raça, mas quem tem contato fica encantado. A pessoa vê o focinho curto e associa com o Buldogue Francês, mas o Boston Terrier não baba, é um cão mais atlético e esguio. Ele sempre acompanha o dono e adora crianças. É um cão bem usado em agility também.”

Outro que pretende popularizar seus cães é José Francisco Jorge Leite, que cria a raça Lagotto Romagnolo na cidade de Seropédica (RJ). “Na França é extremamente popular, mas ainda é desconhecido no Brasil por conta da semelhança física com o Poodle, que já não desperta interesse nas pessoas. O pelo longo também trabalha contra, porque as pessoas acham que vai cair pela casa, mas na verdade não cai. Há raças que têm pelo baixinho e soltam muito mais”, afirma Leite.

Além de Leite, existe apenas outro criador do Lagotto Romagnolo na América do Sul, localizado na Argentina. “Gostaria de ver mais pessoas criando. Quando conheci o cão, notei que tinha um potencial fantástico. É meigo e faz companhia, mas sem ser inconveniente. É um cão que não é barulhento nem agressivo e adora brincar”, afirma. Aqui, o preço do filhote custa R$ 2,5 mil, mas o criador acredita que tende a subir com a divulgação do cão.

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